Ame me se puder
Ame-me se puder
Sou Eu essa mulher
Que sente
Que mente, se necessário de frente praquele que quer se enganar.
Que finge que escuta, mas não se abre pra ouvir e transformar a si
Sou essa mulher de dedo em riste
Que vomita sem piedade sobre aquilo que considera injustiça na sociedade
Sim, sou eu a abusada e descarada
A criança mal-amada, escandalosa e risonha
Sou aquela que sonha, e muda se necessário
Sou aquela que se perde no calendário, perde as chaves, perde-se no estribilho.
Mas não perde o brilho, nem o amor pra dar
Sou essa mulher
Sou aquela que navega num mar de esbravejar, ter que educar, educar-se, se dar e viver sem se ver
Sou adepta às reflexões subjetivas
Sou quem se doa em tempos de juízo final.
Sou aquela
Sou aquela. mulher
Essa que desfia o novilho
Tecendo cuidados, horários, vais e vens, encontros, motivos, cuidados, rendados, ... mas que ainda assim recarrega seu brilho.
Sou o fio do pavio
Desvairado brilho da vontade de viver e ao mundo transformar
Vivendo o sacerdócio da maternidade, trazendo muitas vezes o corpo relegado ao desejo de objeto de um ser amado.
E que agora, agora não mais.
Na cura dos aís, busca mesmo o que lhe satisfaz...
Busca o orgulho de si.
Busca o amor próprio
Ela é aquela mulher que tecer um novo recomeço,
Quer a cada momento com apreço
E segue na luta, na labuta em cada detalhe.
Ela-Eu, a danada! Que nada...
Quer da vida cada ar, quer a alma arrepiada
Quer palavra a recitada
Palavra cantada, arrepiada.
Palavra ofendida, cuspida.
Palavra encantada, tocada
Palavra pensada, elaborada.
Ouve os sons dos grilos e pássaros madrigais.
Escuta o silêncio e berro meus ais em linhas tortas, as vezes reta, tortuosas linhas ais que sente
Um dia, irá engolir a palavra e calar em um fim.
Neste dia, o corpo sairá sim.
Só ai, estará liberta daquilo que a prende..
E voltará ao éter
Flavia Valença
Enviado por Flavia Valença em 27/11/2022