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VIVA Geraldo Pereira


GTP ( Geraldo Theodoro Pereira) era compositor que cantava. E vivia mais de noite do que de dia.  Nos anos 40 e 50 do século XX, ele e suas músicas brilharam nos salões cariocas. Seus sambas eram os preferidos dos dançarinos, atraídos por um ritmo embevecido, com gingas e as batidas síncopes. De estilo próprio. Geraldo compôs clássicos que ainda hoje garantem a alegria das rodas de samba brasileiras: Escurinho, Escurinha, a Falsa Baiana, Florisbela, Acertei no milhar, Pisei no despacho, entre tantas outras.

Dizem que tinha uma sede desesperada!

Amava samba, o bamba.  Escurinho maroto, queria saber, sobretudo, dos brotos. E elas estavam sempre a sua volta. Não por menos, pois dizem,  ele era galante e amoroso. Um bom moço, bom amigo, animado e um brincalhão reservado.

Em seu jeito de ser carregava sua “mineirice”. Não ficava de disse me disse. Mas, dizem que não podia ficar “beliscado”. Senão virava valentão. Dai ninguém segurava o malandro: Não levava desaforo pra casa! Num rodopio capoeiríssimo, derrubava um, dois, três. Ora, vejam vocês!

Ele, nos salões da bohemia ele ia entretando, encantantando. De terno branco, Geraldo foi um importante compositor da Mangueira.

Apreendeu com Cartola e todos os bambas catedráticos imortais deste morro que foi um dos berços do carnaval. Cantou  sambas que eram verdadeiras crônicas  que falava da  vida simples e alegre no morro e os tratos e maus-tratos das realidades.  

Cantou causos engraçados como “quando a polícia sobe atrás do Cabrito do doutor e acaba com a festa do Bento, numa Cabritada mal sucedida, ou quando a Polícia ta no morro e não deixa a escola de sambo desfilar, enquanto o cabrito não aparecer.

Ele cantou sobre amores bem e mal sucedidos (lindas músicas como: Escurinha. Florisbela). E Engraçados, como Pisei no despacho, Escurinho.

Criativo no fundo da alma. Fez teatro, escreveu, dirigiu e montou a primeira peça de teatro  que passou no morro de Santo Antonio (em 1939).
Foi justamente nessa peça que se originou aquela música que fala “ Isso não ė direito, Bater numa nega que não é sua, deixou a nega quase nua”!  

Sim. A letra da música remete-se a um machismo datado, e de uma cultura maxi-hiper-plus- machista que havia naquela época.

A  mesma cultura e o moralismo, de uma época, que pulsava na sociedade  e enquadrava as pessoas, levando o nosso sambista à pretória, em pleno de 19 anos. Pois eis que “maculou” uma moça,  cuja idade era um ano e meio mais velha que o rapaz. Casou-se por obrigação. Nao " vingou" a relação !

Ele, afinal, era da pista, da gafieira, da “perdição”. Começou nas rodas do morro. Compôs para Unidos e pra estação Primeira da Magueira, Bebeu na fonte da seiva musical. Molhou a garganta e soltou o verbo num som excepcionalmente seu. Viveu!

Em 1951 lançou a música Ministério da Economia, uma crítica social que ironiza o plano de Governo do até então presidente, Getúlio Vargas. De um jeito doce e animado ele fala da fome e da dureza dos que tem que vender o almoço para garantir a janta.

Um viva Geraldo Pereira, sua criatividade e primor musical.
Flavia Valença
Enviado por Flavia Valença em 24/04/2021
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