A borboleta voa
Sou hiperativa. – Disse ela.Faço tudo para todo mundo.Eu não paro e não descanso.E você! E você (interrogação)
- Sinto como roubasse meu tempo de vida, falou.Eu lavo, cozinho, compro, cuido e ainda tenho que dizer onde tudo esta, o que temos que fazer, procurar, procurar...Quero um final de semana para mim. Quero um fim de semana para mim.Não para estudar. Não para trabalhar trabalhar e cuidar e cuidar.
Parou e pensou consigo mesma - Você tem que mudar. Você não vai mudar (interrogação).Eu não vou cozinhar a vida inteira para você, nem vou te ensinar a lavar o banheiro. -Vai lavar um banheiro.Não quero saber de um bebê de 43 anos.E eu ainda tenho que perdoar os seus erros. Os seus defeitos.
Seguiu surtada para o banheiro.E não entendeu que era si própria – Elazinha mesma -que se obrigava.Que errava consigo mesmo. E por isso, com o mundo inteiro em volta.E por que não admitia erros e não admitia que errava, sentia-se culpada por tudo e por todos.E magoava-se a si e si própria: pois não descansava e ficava com raiva de quem o fazia.
Porque não encontrava tempo ou força para fazer coisas que ela mesma queria, podia e gostava. Mas não fazia. E engasgava-se com a passagem do tempo.A ampulheta por onde o tempo não cessava de jorrar...
E ficava confusa sobre todas as coisas. O tempo de vida que vai em todas as coisas.O comando da vida e da relação. O ritmo da relação. A família. Os filhos. Era muita coisa para uma pessoa. Mãe solo (sem ser solo, pois casada estava, ora).
A mulher, na vida, ia mal.
Passaram-se 7 anos e a borboleta voou. Ela viajou só e ficou melhor.
Hoje ele aprende a lavar banheiro e a fazer o jantar.
Ela escreveu um livro e começou a cantar!
Escrito em 2013 e 2020
Flavia Valença
Enviado por Flavia Valença em 22/05/2020