CARTA À FLÁVIA VALENÇA
Carta à Flávia Valença...
Minha querida amiga faz tempo que eu quero falar com você. Fiquei sabendo que o Ano de 2018 foi osso de roer: desemprego, perdas de parentes, afastamento de amigos. Um esforço grande para entender o momento de cada um.
Mas a vida com seus fluxos trouxe-lhe novas pessoas, que vieram participar da sua vida, não à toa.... umas vieram te engrandecer, mesmo partindo sem querer, outras vieram pra ficar, e para mostrar que continuar perto vale a pena.
Esse ano você se entregou a dança, a música, as letras.... além do correr atrás de grana, além do cuidar da família. Escreveu poesias. Se envolveu com a Poesia Preta. E quiz tomar banho de pixe também....
Viu que a militância pode ir além...e que a arte congrega tanto a alma social.
Descobriu que para além da bibliografia política, é nas ruas que está a riqueza e a firmeza para se fazer a transformação.
Na música, namorou clássicos e descobriu que pode ir além... E que não ficaste aquém. E acima de tudo e quaisquer desdém, provaste para si mesma que maior é crença: o amor próprio é o negócio que te leva adiante.
E que você, só você, pode em si crer...e correr, caminhar, voar, e que podes tudo, desde que amor tenha pra dar, acima de tudo, pra si mesma.
Descubriste a mulher forte que és... e que, caminhante com os próprios pés, seguiste, mesmo abrindo mãos dos anéis ( de ouro e brilhante)...e que com as suas próprias mãos e dedos escreveste, além de segredos, seus enredos, suas crônicas, poesias, prosas poéticas, impressões, é que irá adiante.
Assumiste o quão grande é seu coração...e que nele cabe quase o meio mundo inteiro....e principalmente seu mundo próprio interior....translúcido..furta cor.
Conseguiste refutar o pavor...e se entregar com ardor à tudo que fazes. Aprendeu a domar sua solidão e lidar com as dores do coração...com as mágoas, com insatisfação, com os deprezos, com a desilusão.
Assumiste mais a sua identidade...sua esperança de liberdade...sua nordestinidade... e passou a se orgulhar de si mesma (Finalmente, já era tempo!).
Aprendendeu a lidar com as saudades de tudo de bom que se viveu. Mas passado morreu de velho. E celebra o que ensinou Paulinho da Viola: "seu tempo é hoje".
Descobriu que não se arrependeu de ser pássaro livre e cantante... que voa voa e a cada instante....percebe que tem que ir adiante...faça chuva e faça sol.
E por fim quero te dizer que eu me orgulho de você. Por ser mais que sobrevivente. Por ser essa alma contente, latente, que enfeita a vida por onde passa, com sua graça, com seu sorriso, com olhar preciso, cheio de generosidade e paixão e perdão.
Você comunga a União.... e por isso que mesmo tendo que sair só por aí (E enfrentar o mundo), estiveste sempre acompanhada. E com alma a sorrir.
Flavia Valença
Enviado por Flavia Valença em 02/01/2019
Alterado em 13/08/2019