A infelicidade mora na cidade
A infelicidade mora na cidade. Presos estamos em nossas jaulas. As grades são aparência de proteção. E ninguém vai te salvar do apuro que lhe cerca.
O barulho invade a tua alma, cortando-te a veia, acordando-te para um novo dia. O despertador que te acorda não te acorda. Como um zumbi (ESCRAVIZADO), vais para o trabalho suprimindo teu querer: - dormir mais um pouquinho, só mais uns minutinhos...Mas não pode, você vai se atrasar.
TRABALHO te enjaula todos os dias do ano, impedindo-te de ver a luz do sol. Ou deixando-te sob estar horas a fio sem frescor n’alma.
Mas, o que te importa? Pagar as contas em dia? Ser um homem honesto? Um cidadão defensor da moral e dos bons costumes? O que te importa?
Acostume-se. Isso tudo não vai passar. Vai trabalhar até morrer. Produz riqueza, mas você não sabe e não vê. Estamos perdidos em nós mesmos como formigas caminhantes. Estranhamo-nos enquanto espécie: Odiamos aquele que pegou nosso lugar!
No ônibus- O assento é meu, eu vi primeiro! No carro- Esse cara na minha frente é um barbeiro!!! Saí da minha frente!!!! E a buzina, como um desintegrador, aperta-a sem temor. Desconta a raiva que lhe consome. O outro é o inimigo: ele lhe toma a vaga de estacionamento, o assento, o lugar, o emprego. Pisa no seu pé no metrô lotado. Pode ser que o “belo” ou “bela” tome atenção de seu namorado. Veste-se melhor; seu carro é maior; tem mais do que você. A vida torna-se um eterno querer daquilo que não se tem.
Tempo?
Deus ajuda quem cedo madruga?
Mas na verdade ele dorme quando você está indo para o trabalho.
FVL
#flaviavalencalimapoeta
Flavia Valença
Enviado por Flavia Valença em 29/12/2018
Alterado em 12/08/2019